De que se faz, ou pode fazer, um musical? — esta nota foi publicada no Diário de Notícias (26 Janeiro).
Damien Chazelle é um cineasta de ideias simples, sempre à beira do simplismo. Em Whiplash (2014), parecia mesmo acreditar que a figuração de um baterista com as mãos a sangrar nos faria descobrir a essência mítica do jazz... Agora, com La La Land, por certo tendo estudado afincadamente os clássicos de Gene Kelly, Fred Astaire ou Syd Charisse, apresenta uma exuberante imitação dos musicais dos anos 40/50 que possui a limitação conceptual de todas as cópias: confundir a duplicação “formal” com a reinvenção do espírito de uma forma específica de espectáculo. O seu projecto vale pelo desafio de formular a hipótese de Hollywood reencontrar a mitologia de uma das suas mais lendárias matrizes de espectáculo — resta saber se isso é sequer possível num tempo em que os modelos de produção dessas matrizes deixaram de existir.