O império Acádio floresceu entre as margens do Tigre e o Eufrates entre os anos 2340 e 2200 a.C., primeira etapa maior de um processo de evolução subsequente da região, que assistiu ao nascimento de outros reinos e de rivalidades até uma unificação de grande parte daqueles lugares sob o poder Assírio depois do ano 934 a.C.... Os reinos nascidos no alto e baixo Egito, alargando-se até às regiões da Núbia (mais a Sul), viveram vários episódios de confrontos militares com os Hititas. Em poucos anos um rei da Macedónia, Alexandre (o Grande) alargou as fronteiras das suas possessões desde o Mar Egeu ao sub-continente indiano, abarcando toda a Ásia Menor e Egito. De um pequeno núcleo original Roma cresceu para se afirmar como uma grande capital imperial, acompanhando a cidade os destinos geográficos de um tempo em que o mundo romano se alargou a todo o Mediterrâneo, chegando, a norte, à Britânia e à Germânia. Estas são algumas das histórias mais antigas que podemos recordar em L’Atlas des Empires, uma edição especial de 186 páginas do Le Monde que, sobretudo ilustrada com mapas, nos dá a conhecer as histórias dos grandes impérios e das consequentes movimentações de povos. Não apenas para entender o que ocorreu mas, sobretudo, para compreender as raízes de muito do mapa de distribuição de comunidades, culturas e até mesmo de conflitos que fazem o nosso presente. Daí a nota que surge em rodapé na capa, onde se lê "où est le pouvoir aujourd'hui?".
A revista está dividia em grandes grupos geográficos, culturais ou crononológicos, antecedidas por um prólogo que debate o que é um império e o que está nas suas géneses, juntando alguns mapas e quadros cronológicos que começam por nos dar uma visão “macro” da História.
O primeiro grande grupo recupera os primeiros grandes impérios da antiguidade, entre os quais os que ficaram acima referidos, juntando a China, os khmers, os acontecimentos nas estepes dominadas pelos mongóis entre os séculos IX e XIV da nossa era, sem esquecer o mapa africano pré-colonial e o americano pré-colombiano.
Os impérios muçulmanos ocupam todo um capítulo, observando vários focos de acontecimentos (sem esquecer a presença na Península Ibérica do império Almorávida entre 1061 e 1147, dos seus antecedentes e do que sucedeu depois), explicando também as origens do Irão de maioria xiita e a presença nas regiões da Índia e Paquistão.
O capítulo seguinte recorda os grandes impérios europeus, desde a divisão do império romano e a afirmação de Constantinopola como importante sede do poder e cultura no seu tempo. Seguem-se mapas (e respetivas contextualizações) que recordam os Carolíngios, o Sacro Império Romano e sua evolução, a Europa de Napoleão, o império austro-húngaro, o progressivo crescimento da Rússia desde o século XII até à fragmentação da URSS e a ascensão e queda da Alemanha de Hitler.
Segue-se um olhar panorâmico sobre os impérios coloniais, que abre com a expressão global do mapa português, seguindo-se o espanhol, o holandês e o britânico. Há ainda olhares sobre as expressões do colonialismo francês, alemão e japonês.
O capítulo final questiona o fim ou um reequacionar da ideia de império no presente. Começa por identificar esferas de poder com foco nos EUA, URSS e China, olhando depois para a divisão atual do mundo entre potências estáveis e emergentes. Os mapas observam depois comportamentos económicos, a divisão da população em função das idades médias e há ainda um retrato do mundo em função dos direitos humanos.
À lupa olha-se depois para os EUA, a Rússia na era de Putin, a quem a revista chama “o novo czar”, a China, a Índia, o Daesh e a União Europeia. E termina com mapas que dão conta da expressão da Internet e das multinacionais no presente e com uma entrevista com a filósofa Catherine Clément que nos diz que a revolução digital dissolveu a ideia de império.