Nasceu a 18 de Agosto de 1936, em Santa Monica, California — Robert Redford faz hoje 80 anos.
É um daqueles casos em que a persistência do lugar-comum — "jovem" + "sedutor" + "galã" — tende a ocultar a diversidade e, sobretudo, a riqueza criativa de uma trajectória profissional sem equivalente. Ele é a estrela de grandes fenómenos das décadas de 60/70, como o western crítico Dois Homens e um Destino (1969), de George Roy Hill, ou o melodrama O Nosso Amor de Ontem (1973), de Sydney Pollack; ou ainda de África Minha (1985), também de Pollack (cineasta que o dirigiu em sete filmes). Mas é também o actor que arriscou em filmes politicamente tão ousados como O Vale do Fugitivo (1969), outro western apostado em rever a herança clássica, dirigido por Abraham Polonsky, cineasta que estivera na "lista negra" do maccartismo, ou Os Homens do Presidente (1976), o retrato do Caso Watergate assinado por Alan J. Pakula. Isto sem esquecer a sua notável obra pessoal como realizador, integrando títulos tão brilhantes como Gente Vulgar (1980), sobre a decomposição do tradicional imaginário familiar, Quiz Show (1994), evocando um escândalo televisivo dos anos 50, ou A Conspiradora (2010), uma subtil releitura do contexto social e político em que Abraham Lincoln foi assassinado.
Sendo Redford também o criador do Festival de Sundance, certame que, de modo decisivo, ajudou a relançar o conceito (e as práticas) dos espaços independentes, o mínimo que se pode dizer é que não é possível fazer a história do cinema americano do último meio século sem ter em conta a especificidade das suas contribuições — podemos vê-lo, actualmente, como o avô/narrador de A Lenda do Dragão, uma produção dos estúdios Disney.
>>> Três trailers:
— THIS PROPERTY IS CONDEMNED/A Flor à Beira do Pântano (1966), com Natalie Wood e Robert Redford: uma realização de Sydney Pollack inspirada em Tennessee Williams.
— A RIVER RUNS THROUGH IT/Duas Vidas e um Rio (1992), realizado por Redford: belíssima evocação da pesca familiar no estado de Montana, a partir de memórias do escritor Norman Maclean, é um dos primeiros papéis de Brad Pitt (nunca estreado comercialmente em Portugal).
— LIONS FOR LAMBS/Peões em Jogo (2007), uma das mais espantosas realizações de Redford, também um dos actores principais, a par de Meryl Streep e Tom Cruise: invulgar visão crítica da presença militar americana no Afeganistão, a partir de três histórias cruzadas por um brilhante argumento de Matthew Michael Carnahan.