«Eras a melhor namorada do mundo se me fizesses uma tosta mista» |
A tragédia televisiva contemporânea tem a sua expressão mais eloquente nos horrores quotidianos de Love on Top — aí, cada ser humano, espectador incluído, é (des)educado para ser boçal.
Desde os primeiros tempos de Big Brother, a cama — esta é mesmo a única palavra fetiche que aqui circula: cama — surge apresentada como uma espécie de altar em que, em última instância, se revela a totalidade de cada indivíduo — e a história ensina-nos como todos os discursos que visam alguma totalidade favorecem o oposto de qualquer humanismo.
Há uma maneira mais crua de dizer isto, obviamente procurada pelo dispositivo do programa: homem ou mulher, cada um está compelido a ser atleta de uma estúpida olimpíada sexual — a performance sexual, mais ou menos quantificada em "posições" ou "parceiros", é mesmo tratada como principal elemento definidor de identidade.
Em novas variações, nomeadamente em Love on Top, a cama foi-se transfigurando num espaço tribal onde desembocam todas as transcendências, incluindo, como neste exemplo, a possibilidade de fazer uma "tosta mista" — feridos por uma tristeza avassaladora e patética, todos se esforçam por exibir uma máscara de felicidade.