Victoria é uma experiência invulgar (um filme num único plano) vinda da produção alemã — esta nota foi publicada no Diário de Notícias (14 Julho).
O título Victoria identifica uma jovem espanhola, interpretada por Laia Costa, a viver e trabalhar há poucos meses em Berlim; o ambiente de thriller urbano instala-se quando ela conhece um jovem alemão que, por sua vez, a conduz à convivência com um grupo que mantém relações difusas com um gang não muito recomendável...
O filme de Sebastian Schipper parte de um esquema mais ou menos conhecido, por vezes previsível, mas é um facto que escapa à banalidade através do seu invulgar dispositivo narrativo. A aposta consiste em registar a acção através de um único plano: com um pouco mais de duas horas de duração, Victoria apresenta-se, assim, como um filme de uma única take, de algum modo fazendo das fraquezas forças e impondo um clima dramático que surpreende tanto pela envolvência física como pela intensidade dos actores. Para a história, foi consagrado com seis prémios do cinema alemão, incluindo os de melhor filme de 2015 e melhor fotografia, para o notável cinematographer norueguês que é Sturla Brandth Grøvlen.