Russell Crowe continua a tentar encontrar um registo consistente para o seu lado mais "sério"... mas os filmes não ajudam — esta nota foi publicada no Diário de Notícias (2 Junho).
Para além da ruidosa monotonia de “super-heróis” mais ou menos galácticos, o Verão cinematográfico traz-nos, quase sempre, filmes que encaixam num registo psicológico que talvez se pudesse definir por uma pergunta inevitavelmente nostálgica. Ou seja: quem é que ainda sabe fazer melodramas familiares à maneira clássica de Hollywood?... A resposta, convenhamos, continua a ser muito pessimista.
No caso de Pais e Filhas, o italiano Gabriele Muccino dirige Russell Crowe e Amanda Seyfried numa saga pai/filha que começa num acidente (em que morre a mãe) para se prolongar por uma existência em que as memórias da filha servem para “justificar” um permanente vai-vém entre passado e presente que, a certa altura, se esgota num pueril exibicionismo formal. Os actores bem se esforçam por emprestar consistência dramática e verosimilhança afectiva às personagens, mas o filme pouco mais quer para além da sua instrumentalização narrativa. Moral da história: a herança plural de mestres como George Cukor ou Vincente Minnelli não se reproduz por mera nostalgia...