quarta-feira, janeiro 20, 2016

Melodrama clássico?


* BROOKLYN, de John Crowley [nota no DN]

Adaptado do romance de Colm Tóibín sobre uma jovem irlandesa que, na década de 1950, tenta concretizar nos EUA o sonho de uma vida “alternativa”, Brooklyn é um filme que produz uma estranha sensação de coisa “antiga”. Não pela época abordada, entenda-se, antes pela ilusão de querer refazer as componentes do grande melodrama clássico de Hollywood sem nunca conseguir sair do esforço decorativo de um rotineiro telefilme de “reconstituição” de uma época. Será preciso recordar que a herança dos mestres (Minnelli, Cukor, etc.) começa nas personagens, não na aplicação mecânica dos recursos de produção?...
Não vem daí grande mal ao mundo, mas prevalece a sensação de que a subtileza com que Saoirse Ronan compõe a personagem central merecia outro enquadramento, mais arriscado e inventivo, capaz de contrariar este academismo tão simpático quanto desprovido de energia. Em qualquer caso, podemos acreditar nas previsões que garantem que, no mínimo, receberá uma nomeação para o Oscar de melhor actriz [o filme acabaria por ter três nomeações: melhor filme, melhor actriz e melhor argumento adaptado, para Nick Hornby].