Hipótese iconográfica e política a considerar: olhar as imagens — qualquer imagem — como uma condensação simbólica da circulação do dinheiro. No Dubai, por exemplo. Sendo o não pagamento de dívidas um crime severamente punido (incluindo a emissão de um cheque sem provisão), os faltosos tendem a fugir do país, abandonando os carros de luxo que compraram a crédito e não conseguiram pagar.
Daí este bizarro apocalipse de objectos caríssimos (mais de 3000 por ano, segundo a polícia do Dubai), definindo uma paisagem cujo absurdo adquire a dimensão de símbolo civilizacional. A muitos dos carros foram retiradas as matrículas, de modo a dificultar a eventual localização dos compradores; nalguns casos, as chaves de ignição foram deixadas na respectiva ranhura — portfolio disponível no site Afrizap.