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Paródia? Digamos antes: falência de qualquer gosto cinematográfico. Com a sua histeria de referências — desde os dinossauros à Segunda Guerra Mundial, passando, claro, pelas artes marciais —, Kung Fury, de David Sandberg, ilustra de forma patética a miséria conceptual a que chegou toda uma cultura audiovisual enraizada nas formas mais grosseiras de apropriação estética (?) favorecidas pelas colagens da Internet. Em nome da irrisão de qualquer género, esta aventura de um guerreiro que viaja no tempo para purificar a história corresponde ao grau zero de um cinema que, em última instância, menospreza todas as referências que convoca. Dir-se-á que Quentin Tarantino pertence à mesma cultura de permanente transfiguração dos mais populares dispositivos narrativos. Pois... Reveja-se Kill Bill e anotem-se as diferenças.