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Entre os momentos admiráveis de Vila do Conde/2015, Becoming Anita Ekberg, de Mark Rappaport, ficará, por certo, como um dos mais fascinantes. Fiel ao didactismo romântico dos seus video-ensaios — recordemos, por exemplo, Rock Hudson's Home Movies (1992) ou From the Journals of Jean Seberg (1995) —, Rappaport volta a investir as alianças entre mitologia e desencanto, desta vez evocando a condição de estrela de Anita Ekberg, o seu endeusamento — em A Doce Vida (1960), de Federico Fellini — e, por fim, o seu confronto com as marcas inexoráveis do tempo. É mesmo isso: um filme sobre o tempo, a sua irredutibilidade e também a estranha ambivalência dos seus efeitos cognitivos e simbólicos. Dura apenas 18 minutos, mas possui o fôlego de um épico romanesco.