Fotomontagem: madonnalicious |
Não foi, obviamente, por mero impulso que, há poucos meses, Madonna surgiu como uma das personalidades a apoiar o novo serviço de streaming dirigido por Jay Z, denominado Tidal — estava (e está) em jogo um novo conceito em que a propriedade dos criadores emerge como um valor fundamental. Dir-se-ia que o novo teledisco da Material Girl, Bitch I'm Madonna, desempenha também essa função simbólica de integrar alguns dos nomes emblemáticos do Tidal, a par de fiéis da sua paisagem criativa e mitológica: por aqui passam, entre outros, Miley Cyrus, Beyoncé, Chris Rock, Nicki Minaj (com direito a ecrã dentro do ecrã), Kanye West, Rita Ora, Katy Perry, o designer Alexander Wang, e ainda Rocco e David, filhos de Madonna.
Tal como em Turn up the Radio ou Living for Love, também aqui Madonna parece ter dispensado as grandes ousadias narrativas, optando por uma encenação que funciona apenas como ilustração de uma performance. E escusado será lembrar que, com o mesmo realizador de Bitch I'm Madonna, Jonas Akerlund, ela já fez telediscos incomparavelmente mais complexos (a começar, claro, por Ray of Light, e mesmo sem esquecer o anterior Ghosttown). Dito isto, fica a contagiante agilidade de uma viagem através de coloridos corredores (Nova Iorque, The Standard Hotel), com um delicioso intermezzo de bonequinhos animados, tudo sustentado por um exemplar trabalho de câmara e montagem.