Foi Godard que o disse: os "mercados" são... pessoas; em vez de falar dos "mercados" como uma maldição sem rosto, é tempo de começar a falar das pessoas. Assim acontece em La Loi du Marché (à letra: "A Lei do Mercado"), o filme de Stéphane Brizé sobre um homem que, depois de um longo período de desemprego, tenta a sua sorte como vigilante de uma grande superfície. A questão é que as pessoas vivas são empurradas para relações impessoais, como a de falar para um computador (numa entrevista de emprego), numa cena gélida, filmada de um único ponto de vista — Vincent Lindon é notável e não deixa de ser irónico que o formato scope, nascido para exponenciar a trepidação do espectáculo, possa ser aplicado, assim, como janela para uma perturbante intimidade.