Este texto/imagem está no Instagram de Madonna — e o mínimo que se pode dizer é que não encontramos muitas vezes as ambivalências da exposição mediática ditas/figuradas com esta cruel contundência.
Em vez da lógica piedosa dos "famosos" — dizendo ao espectador: admirem-me —, este dispositivo não esconde que sabe que do outro lado há alguém a olhar, alguém aproximado pela dinâmica mediática, mas separado por infinitas diferenças de grau, sensibilidade e visão do mundo — estás a olhar para onde?
Encontrámos recentemente algo de semelhante no final de um episódio da série House of Cards, quando Kevin Spacey se vira para a câmara e pergunta: What are you looking at? (momento incluido no final deste trailer). São exemplos preciosos de linguagens que sabem que são... linguagens, recusando promover ilusões demagógicas de unanimismo. Não existem para reproduzir o mundo ou a ilusão da sua reprodução — refazem-no, criticam-no, rasgam uma crise na paisagem ilusória da comunicação global.
O que lemos quando dizemos que estamos a ler?
O que lemos quando dizemos que estamos a ler?