sexta-feira, abril 17, 2015

Lane Bryant e a palavra sexy

A. Ciclicamente, regressa a discussão sobre os padrões de beleza no imaginário feminino da moda (ou no imaginário da moda feminina). Não poucas vezes, com ramificações mais ou menos dantescas que chegam ao ponto de tentar definir as imagens das mulheres no universo global do entertainment a partir de uma "legitimidade" que seria conferida (ou não) pela idade — observe-se, em particular, como Madonna tem sabido reagir aos discursos que a querem encerrar, isto é, silenciar nos seus 56 anos.

B. Há, de facto, em alguns discursos sociais (muitas vezes, em rede) uma censura mais ou menos implícita a todos os modelos — leia-se: a todos os corpos — que não reproduzam padrões que foram tornados absolutos e, nessa medida, restritivos. Não se trata de um problema pueril. Não se trata de saber se Gisele Bündchen é "mais" ou "menos" bonita... Trata-se tão só de celebrar a pluralidade do factor humano, quer se exprima no feminino ou no masculino (ou ainda em qualquer matriz sexual que não caiba num sistema maniqueísta de figuração/pensamento do mundo à nossa volta).

C. Por vezes, o próprio mundo da moda tem sabido reagir à estreiteza dos preconceitos, em última instância favorecendo a proliferação possível de imagens que não esmaguem a identidade daqueles ou daquelas que mostram. Sob o lema #ImNoAngel, a campanha que a marca Lane Bryant tem desenvolvido em torno de corpos "atípicos" é, nessa perspectiva, exemplar — ou como a universalidade da lingerie feminina se pode dizer e mostrar de outro modo, evitando ilusões angelicais e sem deitar fora a palavra sexy.