Susanna Mälkki |
> Orquestra Gulbenkian / Susanna Mälkki (maestrina)
— Jean Sibelius: Tapiola, op. 112
— Gustav Mahler, Sinfonia nº 9, em Ré maior
Figura de grande prestígio, muito solicitada no circuito internacional, a finlandesa Susanna Mälkki, maestrina convidada principal da Orquestra Gulbenkian, dirigiu uma austera e envolvente performance da nona sinfonia de Mahler, fazendo-nos revisitar um universo de fascinantes ambivalências. Desde logo, pela dimensão filosófica de uma obra marcada pela percepção da vulnerabilidade humana — e a "condição de mortalidade do ser humano", para aplicarmos a expressão de Luís Santos no programa. Depois, pelas clivagens internas de um sistema que, dois anos depois da oitava (a lendária "Sinfonia dos Mil", estreada em 1910), relançava a impossível utopia de uma conciliação absoluta com a natureza. A abertura, com Tapiola, de Sibelius (composição datada de 1926), serviu de adequado prólogo a essa miragem natural em relação à qual a música se assume, de uma só vez, como ponto de fuga dramático e paradoxal e efémera materialização. Em resumo, um concerto tão apoteótico como intimista.