O título, convenhamos, envolve um misto de sedução e resistência. Ora tomem nota, por favor: π_ANO PRE.CAU.TION PER.CU.SSION ON SHORT CIRCUIT.
Entramos num país de língua desconhecida. Ou melhor, em que sentimos a língua em processo de laboriosa e íntima fabricação: Simão Costa trata o piano como um objecto não necessariamente "pianístico", vogando numa paisagem que John Cage, et pour cause, ajudou a povoar — ou a despovoar, o que vem a dar no mesmo. O resultado faz-nos sentir as mãos do músico, tanto quanto as entranhas de computadores cúmplices da criação de harmonias agrestes e, se a palavra não ofender, paradoxalmente líricas. Aqui ficam cerca de oito minutos de um álbum fascinante, monumental, metafísico e visceral, não necessariamente por esta ordem.