terça-feira, dezembro 09, 2014

"A Love Supreme", 50 anos

Foi a 9 de Dezembro de 1964, faz hoje 50 anos — nos estúdios de Rudy Van Gelder, em Englewood Cliffs, New Jersey, o saxofonista John Coltrane gravava um dos clássicos absolutos da história do jazz e, em boa verdade, da música do séc. XX: A Love Supreme.
Álbum central na dinâmica do quarteto de Coltrane — com Jimmy Garrison (contrabaixo), Elvin Jones (bateria) e McCoy Tyner (piano) —, nele encontramos as marcas de uma demanda espiritual que se traduz em quatro andamentos, desde a 'Revelação' ao 'Salmo' [Acknowledgement + Resolution + Pursuance + Psalm]. Historicamente, surge normalmente apontado como uma ponte simbólica entre as estruturas do hard bop e o experimentalismo do free jazz. Vale a pena recordar que é mais ou menos por essa altura que Miles Davis constitui o seu segundo grande quinteto (Coltrane tinha integrado o primeiro, até 1957), sendo o seu álbum E.S.P. (1965) um registo que, de alguma maneira, participa das mesmas convulsões de A Love Supreme.
O certo é que a energia dos seus pouco mais de 30 minutos sempre esteve para além de qualquer classificação mais ou menos académica — em tudo e por tudo, A Love Supreme desenvolve-se como uma cerimónia íntima, intrigante e reveladora, que venceu as medidas do tempo.

>>> Registo filmado da única performance ao vivo de A Love Supreme, a 26 de Julho de 1965, no Festival Mundial de Jazz de Antibes, em Juan-les-Pins (França).


>>> A Love Supreme em AllMusic.
>>> A história de A Love Supreme na NPR.
>>> A Love Supreme na lista dos '500 melhores álbuns de sempre' da Rolling Stone.