A orquestra
sinfónica de Melbourne (Austrália) é mais um exemplo de uma entidade que, longe
das grandes cidades europeias e americanas que são verdadeiras dos grandes
acontecimentos na música clássica, pode encontrar nos discos um cartão de visita para os que ainda a não conheçam. Há bem pouco
tempo um (bom) ciclo sinfónico de Sibelius editado pela Naxos ajudou a focar
algumas atenções sobre a New Zeland Symphony Orchestra (que tem por diretor
artístico o finlandês Pietari Inkinen). Talvez não seja este disco com música
de Aaron Copland uma peça capaz de gerar a continuada atenção que uma série
(bem gerida, bem gravada e bem interpretada) possa garantir. Mas a forma como a
luminosidade dos ecos de uma América que Copland ajudou a definir musicalmente
conhecem aqui um retrato bem interessante, sobretudo numa abordagem ao célebre
Appalachian Spring, suite orquestral criada em 1945 a partir de música
originalmente criada para um bailado estreado em 1944 e que ressoa muito do
pensar musical de Copland sobre uma ideia de paisagismo rural americano que
conheceria descendências várias, sobretudo na música para cinema de meados do
século XX. Sob direção de Benjamin Northey, um dos três maestros que
presentemente trabalham com maior regularidade com esta orquestra australiana,
a suite encerra um alinhamento discográfico que abre com o ciclo de canções
orquestrais Eight Poems of Emily Dickinson (contando com a voz de Emma Mathews), que o mesmo Aaron Copland compôs em
1970, criando arranjos a partir de oito das 12 canções de um ciclo
originalmente criado em finais dos anos 50 para voz e piano a partir de poemas da norte-americana
Emily Dickinson. Retratos americanos que nos chegam do outro lado do mundo e
celebram momentos maiores na história da música do século XX, os que aqui se
apresentam são um bom exemplo do que podemos descobrir olhando para lá dos
espaços mais habituais da nossa atenção musical.