Jack White
"Lazaretto"
XL Recordings / Popstock
3 / 5
Os sete álbuns de originais que os White Stripes lançaram entre 1999 e 2007 representam uma das mais notáveis obras que o universo do rock'n'roll conheceu nos últimos tempos. Depois de encerrado o ciclo com Icky Thump, em 2007, quatro lançamentos ao vivo têm assegurado a continuação da sua discografia. Porém em 2012 Jack White (findo uma etapa menos vitaminada a bordo dos Raconteurs) deu novo passo significativo ao editar a solo Blunderbuss, disco onde, mais que nunca, abria os horizontes da sua música a várias genéticas fulcrais da cultura rock numa coleção de canções que, mesmo seguindo caminhos variados nas formas (e cores) tinha na sua voz, naquele canto inquieto, um denominador comum que assinava a coesão do todo. Não estamos muito longe desses mesmos princípios agora que encontramos em Lazaretto o seu segundo passo assinado em nome próprio. A relação com raízes diversas da cultura rock está novamente bem patente, sublinhando também uma atitude melómana que ele mesmo tem desenvolvido através da sua própria editora, a Third Man Records.O álbum abre com Three Women, na verdade uma canção que nasce diretamente da memória de Three Women Blues", canção de 1928 de Blind Willie McTell. Os riffs intensos, as guitarras angulosas e a voz agitada dominam parte de um alinhamento que evoca tanto os blues, como a country ou o rhythm'n'nblues. Mas que, fruto de um labor de estúdio mais demorado que nunca, acaba por gerar arranjos mais complexos que revelam novos caminhos possíveis para a relação de Jack White com estas mesmas raízes. E escutem-se temas como Temporary Ground, Would You Fight For My Love? ou o intrigante (e invulgar) High Ball Stepper e respire-se o sabor da descoberta que pode nascer de uma inteligente forma desafiante de regressar a velhas referências.