sexta-feira, maio 02, 2014

Rui Mário Gonçalves (1934 - 2014)

Crítico e professor de história de arte, Rui Mário Gonçalves faleceu no dia 2 de Maio, em Lisboa, na sequência de um ataque cardíaco — contava 79 anos.
Figura fundamental para o reconhecimento da especificidade da crítica de arte — como área de expressão e também matéria jornalística —, tem desde muito cedo o seu nome ligado à divulgação das artes plásticas, nomeadamente através da exposição 'Primeira Retrospetiva da Pintura Não-Figurativa Portuguesa' (1958), em cuja organização trabalhou ainda enquanto estudante da Faculdade de Ciências (onde se formou em Físico-Químicas). Tal exposição poderá simbolizar o seu empenho em superar a herança do neo-realismo, numa atitude de permanente abertura à pluralidade da arte contemporânea.
Em 1963, dois anos depois do início da sua actividade regular na área da crítica, foi distinguido com o Prémio Gulbenkian de Crítica de Arte. Deu aulas no Curso de Formação Artística da Sociedade Nacional de Belas Artes (1967-1986) e também na Escola de Teatro e Cinema do Conservatório Nacional de Lisboa (1972-1977); era Catedrático Jubilado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Colaborou em diversas publicações, incluindo os jornais A Capital, Expresso, Diário de Notícias e Jornal de Letras, Artes e Ideias, e as revistas Arquitectura, Colóquio e Colóquio/Artes. Para além de monografias sobre António Dacosta, Almada Negreiros ou Amadeo de Souza-Cardoso, a sua obra inclui títulos como Pintura e Escultura em Portugal, l940-1980 (1980), O Imaginário da Cidade de Lisboa (1985) e O Fantástico na Arte Portuguesa Contemporânea (1986). Com José-Augusto França, fundou, em 1968, a secção portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA) — presidiu à respectiva direcção nos períodos 1971-1973 e 1998-2001.

>>> Uma das derradeiras intervenções públicas de Rui Mário Gonçalves ocorreu no Museu Colecção Berardo, no âmbito da série 'A escolha dos críticos', no passado dia 15 de Fevereiro; o tema foi a obra de Joan Miró — eis o respectivo registo.


>>> Obituário no Diário Digital.