Os Rolling Stones colocaram cinco canções a votação para que, mais logo, um dos instantes do alinhamento do seu concerto no Rock In Rio surja de uma votação popular. Para o público português estão a votos os temas Start me up (de 1981), Angie (1973), Miss you (1978), (I can't get no) satisfaction (1965) e Sympathy for the devil (1968), havendo uma sexta hipótese, que pede a quem prefira outra canção que a indique e, claro, vote nela.
Resolvi deixar aqui um Top 10 de canções dos Rolling Stones, sabendo que a que coloco em primeiro lugar, e que foi aquela na qual votei, quando teve edição em single foi creditada a Bill Wymann. Mas é a minha canção preferida dos Rolling Stones.
In Another Land (1967)
Uma das canções do álbum Their Satanic Majesties Request, talvez o mais atípico dos títulos da discografia dos Rolling Stones mas, de longe, o meu disco preferido da sua obra. Trata-se do expoente máximo da etapa em que o grupo aderiu às cores e formas caleidoscópicas do psicadelismo e corresponde a um tempo em que Brian Jones era certamente timoneiro maior na condução dos destinos da música do grupo. Aqui a voz era de Bill Wyman. Foi editado como single, mas ninguém deu por ele...
Uma das canções do álbum Their Satanic Majesties Request, talvez o mais atípico dos títulos da discografia dos Rolling Stones mas, de longe, o meu disco preferido da sua obra. Trata-se do expoente máximo da etapa em que o grupo aderiu às cores e formas caleidoscópicas do psicadelismo e corresponde a um tempo em que Brian Jones era certamente timoneiro maior na condução dos destinos da música do grupo. Aqui a voz era de Bill Wyman. Foi editado como single, mas ninguém deu por ele...
She’s A Rainbow (1967)
Uma vez mais o mesmo álbum de 67 que, um dia, quando as memórias estiverem cansadas de recuperar as mesmas canções dos Stones ou nova vaga psicadélica andar por aí, será devidamente reconhecido como uma das obras-primas da discografia dos Rolling Stones. Na verdade descobri a canção numa versão dos World of Twist. Mas, como quase sempre, o confronto com a original abriu outros horizontes. Foi assim que descobri o Their Satanic Majesties Request.
Paint It, Black (1966)
Single de apresentação do belíssimo álbum Aftermath, editado em 1966. A canção abria horizontes às sensações cromáticas de uma instrumentação diferente (nomeadamente a presença do sitar) e colocava os Rolling Stones num caminho de afinidades para com as movimentações psicadélicas que então começavam a emergir entre alguns clubes de Londres e São Francisco. Descobri esta canção numa outra versão, nos tempos do pós-punk, pelas Mo-Dettes.
2000 Light Years From Home (1967)
Prometo que não junto mais nenhuma canção do alinhamento de Their Satanic Majesties Request a este Top 10. Mas este foi o single com maior expressão da etapa psicadélica dos Rolling Stones. Transcende em muito as formas clássicas da canção pop, sugere um patamar de viagem para além das fronteiras dos domínios habituais da canção. Voltaram a tocá-la em palco, mas só na versão em disco esta experiência parece tão completa (porque sónica e texturalmente bem complexa).
Lady Jane (1966)
Outra das canções do alinhamento de Aftermath, Lady Jane é uma entre as várias baladas construídas com um apurado sentido de elegância que os Stones gravaram em meados dos anos 60. O tema foi usado como lado B do single Mother’s Little Helper, mas merecia ter conhecido um estatuto de maior divulgação (poderia, nesse caso, ter sido um dos seus clássicos da época).
She’s So Cold (1981)
Esta é mesmo uma escolha pessoal por uma razão muito simples: corresponde ao primeiro single dos Rolling Stones que comprei. A canção serviu em 1980 de cartão de visita para o álbum Emotional Rescue, um dos últimos títulos verdadeiramente significativos (como álbum) da obra dos Rolling Stones (depois deste álbum só o mais recente A Bigger Bang se mostrou ao nível do que tinham feito nos sessentas e setentas).
The Last Time (1965)
Depois de uma série de versões, foi com esta canção, assinada por Mick Jagger e Keith Richards, que os Rolling Stones editaram o seu primeiro original no formato de single. Com um balanço irresistível, e tendo partido da vontade em trabalhar um tema de gospel, a canção chegou ao primeiro lugar na tabela de singles no Reino Unido.
Rocks Off (1972)
A faixa de abertura de Exile On Main Street convida-nos a entrar num álbum que, pelas mais variadas (e todas elas justificadas) razões mora entre os maiores da história do rock’n’roll. A canção traduz como uma clássica composição de alma rock’n’roll ganha corpo através de um trabalho de arranjos mais elaborado e traduz um tempo de enorme vitalidade criativa para o grupo.
Have You Seen Your Mother Baby Standing In The Shadow (1966)
Uma das mais agitadas e empolgantes entre as canções “dançáveis” dos Rolling Stones. Foi gravada em 1966, no início das sessões das quais surgiria o alinhamento de Between The Buttons. Foi uma das primeiras canções a ter um pequeno filme para a apresentar na televisão, sendo por isso parte da pré-história dos telediscos.
Emotional Rescue (1980)
O tema-título do álbum que assinalava a entrada dos Rolling Stones nos anos 80 mostrava mais um momento de ousadia para além da zona de conforto que definiu grande parte da sua discografia. O trabalho da secção rítmica define a pulsação que conduz o tema e Mick Jagger canta num falsetto invulgar, mas arrebatador.
A lista poderia continuar. Juntando canções como I Wanna Be Your Man, Play With Fire, Ruby Tuesday, It’s All Over Now, Miss You, Route 66, Harlem Shuffle, além dos clássicos maiores que toda a gente conhece.
A propósito da passagem dos Rolling Stones por estes lados, fica aqui um texto originalmente publicado na edição de 25 de maio do DN.
Mais de 50 anos ao serviço do rock'n'roll
Em maio de 1962 um grupo de jovens músicos juntava-se para um primeiro ensaio no Bricklayers Arm, “um pub chungoso no Soho”, como descreve Keith Richards na sua autobiografia. Como ele mesmo ali descreve, chegou com uma guitarra, ao que uma “empregada de bar típica, uma velha loira de maus modos, poucos fregueses, cerveja morta” olhou para o músico e apontou para o primeiro andar. Era lá em cima... Ouvia-se um boogie woogie ao piano e o som animou o guitarrista. Da formação futura da banda estiveram ali Mick Jagger e Brian Jones. Poucas semanas depois (e ainda longe da formação que depois faria os discos... e a história) surge um primeiro convite para um primeiro concerto. Uma outra jovem banda, os Blues Incorporated, que tinha data agendada no mítico Marquee (em Londres), recebera entretanto um convite para uma emissão em direto na BBC. Passa a data... E, ao telefone, Brian Jones tenta acertar todos os detalhes... Mas faltava um pormenor... O nome. E que nome? No chão, à sua frente, tinham um disco de Muddy Waters. A primeira faixa do disco The Best of Muddy Waters chamava-se Rollin’ Stone... The Rolling Stones? Porque não? Mais de 50 anos depois está claro que não podiam ter escolhido melhor.
Há um ano o grupo celebrou meio século de vida discográfia, oficialmente contada a partir do momento em que editaram o seu primeiro single, Come On, versão de um original de Chuck Berry lançado a 7 de junho de 1963 pela Decca Records. Cinco meses depois gravavam um tema de Lennon/McCartney – I Wanna Be Your Man – e somavam o seu primeiro top 20. Em fevereiro de 64 Not Fade Away dava-lhes um primeiro grande êxito. E em junho desse mesmo ano, o primeiro inédito que editavam em single no Reino Unido – All Over Now – dava-lhes o primeiro número um.
Mais de meio século depois a obra dos Rolling Stones transformou-se num dos pilares centrais da cultura rock. Depois de uma breve etapa de devaneio psicadélico (que lhes deu o atípico Their Satanic Majesties Request, em 1967, que um dia será devidamente reconhecido como um dos seus discos mais criativos) e da morte de Brian Jones, o grupo procurou caminhos rock’n’roll de reencontro com a alma dos blues que os inspirou na origem (o que não os impediu de, por exemplo, experimentar um flirt com o disco sound em finais dos setentas).
A última vez que editaram um álbum de originais foi em 2005 (com o muito aclamado A Bigger Bang). Foi o 29º álbum de estúdio de uma carreira que cruzou décadas e em cada uma conquistou novas gerações de seguidores. Em outubro de 2012 apresentaram Doom and Gloom, o primeiro dos dois inéditos que registaram em Grrr!, a antologia com a qual assinalaram as suas Bodas de Ouro (um segundo single inédito, One More Shot, surgiria já em 2013).
Depois de alguns (poucos) concertos comemorativos em 2013, este ano os Rolling Stones regressaram à estrada com a 14 on Fire Tour. A etapa europeia desta digressão, que integra a presença em palco de Mick Taylor (guitarrista do grupo entre 1969 e 74), começa dia 26 em Oslo (Noruega) e segue, depois, para Lisboa.
Há um ano o grupo celebrou meio século de vida discográfia, oficialmente contada a partir do momento em que editaram o seu primeiro single, Come On, versão de um original de Chuck Berry lançado a 7 de junho de 1963 pela Decca Records. Cinco meses depois gravavam um tema de Lennon/McCartney – I Wanna Be Your Man – e somavam o seu primeiro top 20. Em fevereiro de 64 Not Fade Away dava-lhes um primeiro grande êxito. E em junho desse mesmo ano, o primeiro inédito que editavam em single no Reino Unido – All Over Now – dava-lhes o primeiro número um.
Mais de meio século depois a obra dos Rolling Stones transformou-se num dos pilares centrais da cultura rock. Depois de uma breve etapa de devaneio psicadélico (que lhes deu o atípico Their Satanic Majesties Request, em 1967, que um dia será devidamente reconhecido como um dos seus discos mais criativos) e da morte de Brian Jones, o grupo procurou caminhos rock’n’roll de reencontro com a alma dos blues que os inspirou na origem (o que não os impediu de, por exemplo, experimentar um flirt com o disco sound em finais dos setentas).
A última vez que editaram um álbum de originais foi em 2005 (com o muito aclamado A Bigger Bang). Foi o 29º álbum de estúdio de uma carreira que cruzou décadas e em cada uma conquistou novas gerações de seguidores. Em outubro de 2012 apresentaram Doom and Gloom, o primeiro dos dois inéditos que registaram em Grrr!, a antologia com a qual assinalaram as suas Bodas de Ouro (um segundo single inédito, One More Shot, surgiria já em 2013).
Depois de alguns (poucos) concertos comemorativos em 2013, este ano os Rolling Stones regressaram à estrada com a 14 on Fire Tour. A etapa europeia desta digressão, que integra a presença em palco de Mick Taylor (guitarrista do grupo entre 1969 e 74), começa dia 26 em Oslo (Noruega) e segue, depois, para Lisboa.