sábado, março 01, 2014

Óscares 2014: as escolhas principais (N.G.)

Nos últimos dias desfilei aqui escolhas pessoais nas categorias principais dos Óscares para este ano. Ficarão a faltar as de animação, as curtas metragens e os documentários (dos nomeados só vi The Act of Killing). E assim sendo completa-se aqui o panorama com as escolhas para Melhor Filme Estrangeiro e, depois, na realização e para Melhor Filme.

Que não hajam dúvidas: o Melhor filme de 2013 foi Lore de Cate Shortland e o Melhor Realizador foi Terrence Malick em A Essência do Amor. E o Melhor Filme em língua que não a inglesa (e daí o conceito de “língua estrangeira”) foi Like Someone in Love, de Abbas Kiarostami. Pois, nenhum deles surge entre os nomeados.

Mas para o Óscar que contempla o cinema internacional numa outra língua há vários pólos de interesse entre os nomeados, destacando-se A Caça de Thomas Vinterberg (naquele que é o seu melhor filme até ao momento, deixando arrumada na gaveta das experiências ultrapassadas o formalismo “dogma 95” com que muitos o descobrimos em A Festa) e, mais ainda, o belíssimo A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino, um filme diferente de todos os outros que o cineasta italiano nos deu antes a ver e que mostra como o cinema pode ser mais que uma bela narrativa bem contada, propondo antes uma profunda experiência cinematográfica que sabe aliar o trabalho da imagem e da música à narrativa e personagens que coloca em cena. Há poucos filmes assim. E é certamente um daqueles títulos a figurar na lista dos melhores que 2014 viu estrear em salas portuguesas. 

As duas categorias principais atribuo claramente a Gravidade, de Alfonso Cuarón. Não só por ser um espantoso filme, como por representar um dos melhores momentos que a ficção científica nos deu a ver nos últimos anos (apenas o Moon de Duncan Jones está em patamar semelhante). Gravidade é herdeiro de um minimalismo e um sentido realista que têm paradigma no 2001 de Kubrick. Sabe entender o silêncio e a solidão do espaço. Sabe que o tempo é ali regido por outro ritmo. Sabe colocar uma situação no ecrã e vivê-la recorrendo aos efeitos especiais que a história carece e não fazer o inverso (lógica dominante em muito do cinema de ficção científica do nosso tempo). É um exemplo claro de um domínio de uma ideia de realização e tem tudo para, ganhando estes prémios, ficar inscrito na história do cinema de ficção científica como um dos seus episódios mais marcantes. 

Melhor Filme – Gravidade, de Alfonso Cuarón
Melhor Realizador – Alfonso Cuarón, por Gravidade
Mellhor Filme Estrangeiro – A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino