The Notwist
“Close To The Signals”
City Slang
5 / 5
Já lá vão mais de vinte anos os tempos em que os The Notwist eram uma banda algo indistinta entre tantas outras que procuravam nas guitarras a voz central de ideias nas franjas mais próximas do metal da cultura indie... O tempo deu-lhe outras ferramentas e abriu-lhes outros horizontes, entre os álbums 12 e Shrink, respetivamente de 1995 e 98, abriram o espaço da sua música à presença das electrónicas, apresentando no aclamado Neon Golden (2002) claros sinais de mudanças de rumo e de outra disposição em enfrentar novas demandas. Podiam ter ali encontrado paradigma para uma existência “confortável” que deles teria feito um caso de popularidade maior em terreno indie. Mas optaram por não usar travões e mantiveram o espírito aberto a novos estímulos e desafios, apresentando mesmo no menos mediatizado (vá-se lá saber porquê) The Devil You + Me (de 2008) um álbum ainda mais estimulante que o registo de 2002 que os colocara no mapa das atenções. Passaram seis anos desde então, pelo caminho tendo havido (como Notwist) a edição de uma banda sonora, os músicos tendo pelo caminho experimentado outros projetos. Em 2012 começaram a apresentar novas canções ao vivo e, agora, juntam-nas em Close To The Glass, disco que aprofunda mais ainda a viagem de descoberta, encantamento e surpresa pelo mundo das electrónicas que têm conhecido desde o virar do milénio, sem que tal signifique um silenciamento de marcas e presenças anteriores, sejam as guitarras ou uma frágil postura vocal que sempre foi característica maior da obra do grupo. Entre breves vinhetas e canções de escrita elaborada, este é, tal como o anterior The Devil You + Me um álbum que vive do gosto pelo detalhe, as filigranas de acontecimentos sonoros tecendo arranjos cénicos sobre os quais se apresentam as novas canções. Sente-se o labor na moldagem das formas e na construção dos espaços, as canções nascendo de uma relação não apenas com as palavras e as melodias mas também com as sonoridades em jogo. E entre as opções mais experimentais de Signals, a assimilação dos ensinamentos dos minimalistas em Into Another Tune ou o apelo mais claramente indie pop de Kong ou Casino, emerge um conjunto de pequenas peças que pedem atenção e confirmam no grupo alemão uma das mais interessantes forças no limiar da cultura pop do nosso tempo.