segunda-feira, março 31, 2014

Novas edições:
Metronomy, Love Letters

Metronomy
“Love Letters”
Parlophone Music Portugal
3 / 5 

Não há mal nenhum numa banda (ou artista) que opta por ensaiar novos caminhos (e sonoridades) a cada novo disco. E basta lembrarmos a discografia notável de uns Talk Talk ou a que os These New Puritans estão a construir para reconhecer quão motivadora pode ser esse constante estado de desafio, tanto para os músicos como para quem os segue. Os Metronomy, de certa maneira, têm procurado não se repetir a cada disco que nos mostram, tando alcançado no anterior The English Riviera (2011) um sedutor patamar pop feito de formas cuidadas na produção e pleno de ecos de heranças do grande livro dos oitentas. Três anos depois Love Letters é um disco que, uma vez mais, assume a vontade de experimentar outros territórios (não radicalmente diferentes, é verdade), mostrando uma coleção de canções dominadas pelo calor de teclados analógicos, todavia sob atmosferas de melancolia (aqui vincando o maior dos contrastes para com o disco anterior, do qual inevitavelmente acabamos sempre a recordar o belo The Look). À partida convenhamos que é premissa interessante o assumir de um território instrumentalmente bem definido quando pela frente temos um corpo de canções que assim se podem relacional em jeito de um “ciclo”. Se os teclados analógicos são a voz que define os ambientes, é entre heranças de formas dos setentas que as canções encontram raízes, num terreno que abre mesmo assim horizontes desde os azimutes de paisagismo pastoral e mesmo do prog, e pontuais incursões por ecos da primeira cultura pop eletrónica que anunciou a chegada dos oitentas (como se escuta em Boy Racers, que lembra ideias do álbum de estreia dos Visage). O disco é contudo mais interessante enquanto experiência sonora que como coleção de canções, apenas no tema-título ou em Monstruous se aproximando do que fez os maiores argumentos de English Riviera. Coerente, é certo. Mas sem o fulgor do disco anterior.