terça-feira, março 11, 2014

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Dean Wareham, Dean Wareham

Dean Wareham 
“Dean Wareham” 
Republic of Music 
4 / 5 

A história de alguns dos melhores momentos que emergiram do universo pop/rock indie desde finais dos oitentas não se conta sem mencionar o nome de Dean Wareham. Primeiro nos Galaxie 500, depois nos Luna e, mais tarde, em parceria com Britta Phillips (que com ele trabalhou nos Luna), Dean encontrou nas características melancólicas do seu canto uma voz de personalidade ímpar que foi ajustando a canções que nasceram claramente filiadas em heranças dos Velvet Underground e que, com o tempo e as progressivas parcerias que foi conhecendo, foi arrumando, aprofundando e aproximando de uma alma autoral hoje tão demarcada que, na hora de chegar (finalmente) a sua estreia, um dos maiores elogios que lhe podemos fazer é dizer que, de facto, soa a... Dean Wareham. Não muito distante dos caminhos que vinha a explorar junto de Britta Phillips, com as guitarras (agora e sempre) como as suas maiores aliadas, procurando linhas cada vez mais bem definidas e um claro classicismo nas formas de compor, o álbum de estreia a solo de Dean Wareham surge poucos meses depois de uma estreia em nome próprio que então se mostrou no alinhamento de seis temas do mini-LP Emmancipated Hearts. Apesar da deliciosa fluidez quase pop do belíssimo The Dancer Disappears (que abre o disco), o novo álbum caminha mais pelas sombras de uma placidez melancólica que pela luminosidade ligeiramente mais efusiva do pequeno conjunto de canções do ano passado. Aqui vemo-lo a convocar heranças antigas, a demonstrar sinais de um encanto pelos territórios “americana”. Podem alguns argumentar que não significa uma partida para novos caminhos e que, a solo, Dean Wareham pouco se afasta dos trilhos a que o percurso anterior da sua obra o encaminhara. E porque não? Esta é a sua voz, e cedo ficou claro o seu protagonismo tanto a bordo dos Galaxie 500 como dos Luna. O tempo ensinou-o a encontrar a essência das coisas no âmago de uma alma que há muito conhecemos e escutamos. Dean Wareham é um álbum de belíssimas canções e uma expressão tranquila de uma voz que sabe por onde anda. Afinal ele é um veterano que há muito encontrou um rumo. E a este disco cabe o papel de nos mostrar aquela que é a mais pessoal das suas propostas até hoje. Valeu a espera.