terça-feira, fevereiro 18, 2014

Novas edições:
Temples, Sun Structures

Temples
“Sun Structures”
Heavenly Recordings
4 / 5 

E, de repente, podíamos estar em 1967, o ano de Younger Than Yesterday dos Byrds, do White Rabbit dos Jefferson Airplane e, deste lado do Atlântico, da estreia em disco dos Pink Floyd ou de Mellow Yellow, de Donovan. Mas não... O ano é o de 2014 e é no aqui e agora que se apresenta Sun Structures, o álbum que assinala a estreia dos Temples, uma banda inglesa (nascida em 2012 a norte da região de Londres) e que reafirma o espaço do rock psicadélico como, uma vez mais, uma das mais estimulantes referências de trabalho num universo pop/rock onde as guitarras são protagonistas mas os desafios de as vestir de várias cores e formas quer ir mais além... Ao longo dos anos por várias vezes assistimos a regressos aos ensinamentos de 1967 nas mais variadas frentes, seja quando os Stone Roses nos encantaram em 1989 ou, mais tarde, quando em volta da “família” Elephant 6 surgiram várias (e boas) ideias nascidas deste mesmo caldeirão de acontecimentos. Sun Structures é um belíssimo manifesto de apresentação de uma banda que parece focada em fazer funcionar uma máquina do tempo (apenas ciente de que a tecnologia ao serviço da captação de som e de mistura mudou muito nestes mais de 40 anos que nos separam desse tempo). Competente na escrita e na interpretação, revelando mesmo cuidado seguro na arte dos arranjos (como se escuta em The Golden Throne), o álbum que nos apresenta os Temples tem dividido opiniões entre os que se deixaram render a uma investida por formas de outro tempo com canções nascidas nos dias de hoje (alinho neste grupo) e outros que, mesmo reconhecendo as competências técnicas e conhecimentos de época aqui expostos, comentaram apenas que, ao invés de outros que já caminharam sobre referências do psicadelismo (como os Primal Scream por alturas de Screadamdelica), os Temples não tenham juntado mais marcas do presente ou de novos desafios às sonoridades e ideias que aqui tomam como ponto de partida. O certo é que, desde a estreia dos Fleet Foxes ou do álbum dos Last Shadow Puppets, não havia tão saborosa incursão por formas pop/rock de finais dos sessentas.