Coma
“In Technocolor”
Kompakt Records
4 / 5
Um dos mais agradáveis discos nos espaços da música eletrónica lançados em 2013 chega-nos através do catálogo da Kompakt Records, a editora alemã (com sede em Colónia) através da qual temos descoberto, nos últimos anos, algumas das gravações de nomes como Gui Boratto, The Field, Who Made Who, Gus Gus ou Matias Aguayo. Conterrâneos da cidade em que mora a editora, os Coma são uma dupla de produtores - Marius Bubat e Georg Conrad - que, desde 2007, têm vindo a criar uma discografia, um mapa de atuações e uma rede de relacionamentos expressos em colaborações que, agora, os conduzem a uma sólida estreia no formato de álbum. Editado este ano, In Technicolor acabou por ser um dos melhores frutos deste ano de um catálogo que, desde 1998, inscreveu já alguns momentos maiores na história da relação das eletrónicas com a pista de dança. Sem procurar ser um catálogo de referências, mas abrindo os seus horizontes de trabalho a terrenos que tanto passam pelo eletro e derivações da genética house e caminham ocasionalmente mais perto das formas da música pop, o álbum de estreia do duo alemão é um saboroso conjunto de ideias que sabem cruzar um saber refletido com uma pulsão lúdica que ilumina o alinhamento de fio a pavio. Minimalismo e melodismo entram aqui em diálogo, essencialmente seguindo passeios instrumentais, ocasionalmente chamando a presença de vozes (em concreto as de Ada e Edi Winarni). Com momentos maiores em canções como Maybatch (na melhor herança do sentido bem humorado da pop eletrónica dos Yello) e Les Dilletantes (que sabe abrir a porta das eletrónicas a qualquer alma indie na sua forma de evocar modelos da tradição new wave), e interessante (e recomendado) complemento direto num EP de remisturas mais recente, In Technocolor é um dos mais saborosos dos acontecimentos que o ano mais mediático não celebrou. Mas o mapa das eletrónicas de 2013 não teria a mesma cor sem esta música.