terça-feira, dezembro 31, 2013

5 telediscos de 2013

Confesso a minha visão parcial: não me é fácil aderir a um teledisco cuja canção me seja indiferente... Por isso, este não é um top de "melhores" telediscos do ano, mas apenas uma pequena antologia de sintomas das coisas extraordinárias que a MTV passou a secundarizar, privilegiando os horrores da "reality TV", e as televisões generalistas gostam de ignorar. Dito de outro modo: as alianças entre música e imagens tiveram um ano muito bom — para ver e ouvir, para escutar através da visão.

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* HOT KNIFE, Fiona Apple
> real.: Paul Thomas Anderson

Senhora de enigmática nobreza, Fiona Apple expõe-se como um corpo revitalizado pela própria música que dele emana. No nosso cinismo banal, diremos, talvez, que Paul Thomas Anderson se limitou a filmá-la em tradicional playback... Pois.


* RESERVOIR, PUP
> real.: Chandler Levack e Jeremy Schaulin-Rioux

São punk mesmo punk, sem pós-modernismos chiques. E do Canadá! Nesta requintada encenação perpassa uma urgência documental que reduz a pó as "coisas reais" que a televisão nos impinge todos os dias. Ponham bolinha vermelha.


* FEEL REAL, Deptford Goth
> real.: Aneil Karia e Daniel Woolhouse

Admirável reconversão do corpo como instrumento musical: ponto de fuga de todas as formas e, ao mesmo tempo, objecto cúmplice do desejo de escrita. Não há diferença entre o mapa da pele e a imaginação dos cosmos.


* TEMPEST, Lucius
> real.: Scott Cudmore

Subitamente, a inocência pop adquire contornos de inquietude. E a cena familiar transfigura-se em teatro da crueldade (merci, monsieur). Em comparação, Miley Cyrus, a pôr a língua de fora, não passa de uma menina mal educada.


* DESPAIR, Yeah Yeah Yeahs
> real.: Patrick Daughters

Karen O é também um bicho visual. Entenda-se: uma daquelas divas que se dá bem com a câmara e conhece as nuances de todas as poses. Além do mais, como diria o outro, basta por a banda no topo do Empire State Building... Pois, pois.