Sleigh Bells
“Bitter Rivals”
Lucky Number
3 / 5
Pode o noise dialogar com o melodismo mais evidente da canção pop? Uma resposta possível pode encontrar-se em Bitter Rivals, o terceiro álbum do duo norte-americano Sleigh Bells. Em 2010 lançavam primeiras ideias (e sobretudo ensaios de formas e possíveis caminhos) na estreia algo promissora que nos chegava ao som de Treats (disco ao qual Bling Ring de Sofia Coppola foi pedir emprestado Crown On The Ground, o tema para o genérico de abertura do filme) . No ano passado, Reign of Terror estreitava os caminhos rumo a aproximações à canção pop, porém num alinhamento longe de memorável. É bem verdade que não será Bitter Rivals que deles fará um fenómeno maior e longe está também de ser um dos discos mais marcantes do ano. Mas, mais arrumada que nunca, a música dos Sleigh Bells conquista aqui o seu momento mais consistente no formato de longa duração. O terceiro álbum dos Sleigh Bells é resultado de um evidente esforço de afinação de linguagens de produção uma vez que, sem abdicar da angulosidade e intensidade das descargas herdadas do noise, as apresenta sob formas mais nítidas (podemos dizer “limpas”) e integradas em canções que valorizam sobretudo a expressão de um melodismo de alma pop. As guitarras (e o peso da distorção) não têm aqui a companhia mais evidente que as eletrónicas conferiam a alguns dos episódios mais interessantes do álbum de estreia. E basta escutar o pequeno doce pop que se serve em To Hell With You, onde as eletrónicas ganham relevância, para ficar claro onde esta música poderia ter caminhado perante outro quadro de opções instrumentais. O tema-título, que abre o alinhamento, deixa contudo bem claro por que linhas de define o que ouvimos a seguir. Canção irresistível (e uma das grandes propostas que as guitarras deram este ano às pistas de dança), não conhece contudo par num restante lote que, mesmo coerente num todo, é pouco dado a episódios verdadeiramente memoráveis.