quarta-feira, outubro 30, 2013

Novas edições:
Son Lux, Lanterns

Son Lux
“Lanterns”
Joyful Noise Recordings
4 / 5 

É verdade que tinha passado longe das atenções quando se estreou em 2008, com At War With Walls & Mazes, apesar da caução que lhe era naturalmente concedida pelo facto de gravar para a a Anticon, editora responsável por alguns dos títulos mais estimulantes de uma música nascida de pólos de reflexão (e transformação) a partir do universo do hip hop. Mas o lançamento, em 2011 de We Are Rising gerou entusiasmo (pelo menos por estes lados), revelando uma música que ia bem para lá dessas relações estruturais com o hip hop para buscar uma noção de linguagem contemporânea capaz de diálogos ainda mais abrangentes, de alguma forma juntando-se às demandas de um Sufjan Stevens nas periferias dos espaços da música popular, abrindo espaços de comunicação com uma lógica mais experimental (atenta mesmo a formas da música contemporânea), mas sem perder nunca a consciência da canção como peça celular de um corpo em construção. Não surpreendeu que, depois, Son Lux (o nome pelo qual se apresenta o norte-americano Ryan Lott) se juntasse a Sufjan Stevens e a Serengeti para formar o trio S / S / S, com o qual editou um EP em 2012, ano em que, em regime de auto-edição, apresentou ainda um disco de remisturas dos temas do álbum de 2011. De então para cá trabalhou em cinema, partilhou palcos com Philip Glass ou Laurie Anderson e está a preparar, com os companheiros de aventura S / S/ S um trabalho para uma retrospetiva de Jim Hodges a apresentar no Walker Museum of Art em 2014. Este ano assinou por uma nova editora e, depois de dois singles (sem expressão senão nesse formato) apresenta agora um terceiro álbum de originais. Uma vez mais vemo-lo longe do burburinho que tantas vezes faz falta para transformar um bom disco num caso de maior (e justificada) visibilidade. Lanterns continua, de certa forma, a história onde We Are Risng a deixara há dois anos. Com um maior batalhão de colaboradores, entre os quais Chris Thile (The Punch Brothers), Peter Silberman (The Antlers), DM Stith, Lily & Madeleine, Darren King (Mutemath), Son Lux mantém firme a vontade em trabalhar uma música complexa, feita de acontecimentos que distribui por camadas, arrumando espaços cénicos onde as canções ganham forma. A mesma relação com ecos do minimalismo, um interesse pela criação de ambientes e uma sintonia clara com os caminhos que o mais recente álbum de Sufjan Stevens lançou (esbatendo fronteiras entre a coisa pop e a coisa erudita) fazem de Lanterns uma peça em tudo familiar com o que escutámos em We Are Rising. Há contudo uma maior nitidez na composição, uma valorização da forma clássica da canção, sem contudo que isso implique uma perda de sentido aos azimutes pelos quais lançara as visões sedutoras desse seu disco anterior. E assim se confirma: Son Lux é nome a continuar a acompanhar.