Girls In Hawaii
“Everest”
Naïve / Popstock
3 / 5
Esta é, em primeiro lugar, uma história de luta pela sobrevivência. Formados em 2001, os belgas Girls In Hawaii perderam tragicamente o seu baterista (num acidente de viação) no regresso de um concerto em 2010. Tinham já então dois álbuns editados, Everest, que agora editam, correspondendo ao primeiro lançamento que protagonizam após esse momento que chegou a colocar um tremendo ponto de interrogação no panorama que se colocava pela sua frente. O título do álbum decorre da história (verídica) que recordam em Mallory’s Height, lembrando uma expedição ao mais alto pico do mundo que fracassa a 300 metros do topo, os seus protagonistas tendo então desaparecido do mapa... O clima de perda e toda a carga de melancolia que essa mesma sensação projeta acaba assim por abraçar todo o alinhamento de um álbum onde, musicalmente, o grupo consegue contudo encontrar um patamar de maior definição (e coerência) para promover o encontro de sabores indie pop/rock que havia já explorado nos anteriores From Here To There (de 2005) e Plan Your Escape (2008). As guitarras acústicas são presença agora mais diluída entre arranjos mais elaborados que vincam uma clara presença do sentido sinfonista que os Arcade Fire lançam há quase uma década (o que deles faz uma das bandas mais influentes do nosso tempo por estes territórios sonoros). O trabalho com teclas, que confere às canções uma dimensão cenográfica mais ambiciosa, acaba por se revelar a peça central num conjunto de novas canções que, mesmo longe de representar um daqueles episódios que vão marcar o ano, constroem um disco coerente, até mesmo quando procura assimilar ecos do psicadelismo em Rorscharch. Mais interessante contudo nos mergulhos introspetivos que nas tentativas de criação de hinos indie (o que, felizmente, acontece poucas vezes).