Morreu, aos 71 anos, um homem que representava, como poucos, a ideia do músico de rock. Era mesmo o paradigma dessa ideia mítica. Dono de uma voz única, começou por criar canções para jukeboxes, mas em finais dos anos 60, e a bordo dos Velvet Undreground, ajudou a inventar aquilo a que hoje chamamos o rock alternativo. A sua discografia é extensa, com títulos tão marcantes que são também referências da história da própria cultura rock. Exemplos? O influente 'Transformer' (1972) que criou na companhia de David Bowie. O único e muito pessoal 'Berlin' (1973), também ele paradigma de uma forma de cantar o lado "errado" da vida urbana do seu tempo. Mais tarde o belíssimo 'New York' (1989), que assinalou um renascimento criativo. Ou o espantoso 'The Raven' (2003) que parte do poema homónimo de Edgar Allan Poe para criar uma das obras-primas da sua discografia.
Hoje, a assinalar o desaparecimento do músico, assino uma coluna de opinião no especial de duas páginas publicado na edição impressa e e-paper do DN.
Ali digo: "Ainda há poucos dias falava sobre Lou Reed com um amigo. E notávamos como era dono de uma "voz" única (tanto aquela com que cantava como a que tirava da guitarra). Um exemplo (e era o motivo da conversa): a versão que acabara de editar de Solsbury Hill de Peter Gabriel em And I"ll Scratch Yours. Uma leitura intensa e elétrica. A canção não era mais de Gabriel. A canção era de Lou Reed. Foi a última que editou em vida."
Pode ler o texto completo aqui.
Esta semana recordaremos aqui alguns momentos marcantes da sua obra, em escolhas claramente pessoais. Tendo de começar por algum lado, escolho Hello It's Me. É uma memória de Andy Warhol (figura que apadrinhou os Velvet Underground em início de carreira), assinada em conjunto com John Cale no álbum 'Songs For Drella', de 1990.