Um prémio para Michael Douglas [foto]. E outro para Steven Soderbergh. E ainda outro para David Fincher...
Dir-se-ia o saldo de uma festiva noite de Oscars. Mas não: são personalidades emblemáticas do cinema americano distinguidas em noite de Emmys. Aliás, com provas mais que eloquentes dadas no campo dos filmes-de-cinema, podemos ainda citar outros premiados da cerimónia, incluindo Jeff Daniels, Claire Danes, Laura Linney e, last but not least, a admirável Ellen Burstyn, encarnação perfeita da mais nobre tradição de representação de Hollywood.
Não é difícil descrever o que está a acontecer: num cinema que, apesar da sua contínua vitalidade, está ferido pela degeneração galopante da ideologia dos blockbusters, alguns dos seus melhores encontram nos espaços televisivos as alternativas criativas que os estúdios (de cinema, passe a redundância) lhes recusam. O caso de Por Detrás do Candelabro é emblemático: rejeitado pelos estúdios, precisamente, acabou por se sagrar um dos grandes destaques dos Emmys deste ano, sendo eleito o melhor na área de filmes e mini-séries, além de ter arrebatado as categorias de melhor realizador (Soderbergh) e melhor actor (Douglas).
Mais do que isso: a distinção para Fincher — melhor realização/série dramática, pelo primeiro episódio de House of Cards — consagra um "desvio" televisivo de perversa ambivalência artística e de produção: produzida pela Netflix, plataforma de difusão por cabo, a série ilustra a contundente seriedade de um conceito de televisão que está muito para além da estupidificação quotidiana dos seus espectadores. E quem vier atrás, que feche a porta... Ou faça zapping.
>>> Site oficial dos Emmys: lista de premiados.