Escritor com uma obra imensa, da ficção ao ensaio, membro da Academia das Ciências, Urbano Tavares Rodrigues faleceu no Hospital dos Capuchos, em Lisboa, no dia 9 de Agosto — contava 89 anos.
Licenciado em Filologia Românica, ideologicamente ligado ao Partido Comunista, foi impedido de leccionar pelo Estado Novo. Durante as décadas em que viveu exilado, desempenhou as funções de leitor de português nas universidades de Montpellier, Aix e Paris, tendo regressado a Portugal logo após o 25 de Abril de 1974. Doutorou-se em Literatura, em 1984, com uma tese sobre a obra de Manuel Teixeira Gomes; em 1993, jubilou-se como professor catedrático da Faculdade de Letras. A sua obra integra dezenas de títulos, incluindo cerca de vinte romances, entre os quais Imitação da Felicidade (1966), Tempo de Cinzas (1968) e Filipa nesse Dia (1989); entre os temas da sua obra ensaística figuram O Mito de Don Juan (1960), A Saudade na Poesia Portuguesa (1968) e Um Novo Olhar sobre o Neo-realismo (1981). Deixou um romance inédito, ainda a publicar este ano, intitulado Nenhuma Vida — segundo comunicado divulgado pelas Publicações Dom Quixote, pertencem ao prefácio, do próprio autor, estas palavras:
>>> Daqui me vou despedindo, pouco a pouco, lutando com a minha angústia e vencendo-a, dizendo um maravilhado adeus à água fresca do mar e dos rios onde nadei, ao perfume das flores e das crianças, e à beleza das mulheres. Um cravo vermelho e a bandeira do meu Partido hão-de acompanhar-me e tudo será luz.
>>> Obituário no Expresso.
>>> Urbano Tavares Rodrigues: nota do PCP.