Digamos que, gostando mais ou gostando menos, não é possível excluir Paul Schrader da história moderna do cinema americano, sendo ele argumentista de Taxi Driver (1976) e realizador de títulos como American Gigolo (1980) ou Mishima (1985). Por mim, diria que Schrader é um narrador tão ousado quanto provocador, desafiando os limites, não apenas dos géneros que trabalha, mas das mais correntes visões, morais ou mediáticas, da sociedade americana contemporânea.
Que dizer, então, do seu novo filme, The Canyons?
Pois bem, ficando pelos dados mais ou menos objectivos: trata-se de uma história de amor e traição no mundo da produção cinematográfica e tem um elenco liderado por Lindsay Lohan (actriz cuja existência privada tende a confundir-se, tragicamente, com a sua persona cinematográfica) e James Deen (exacto, com dois "ee": actor de filmes pornográficos).
O mínimo que me ocorre? Que Schrader é muito bem-vindo, para mais tendo em conta que os seus filmes mais recentes — incluindo o admirável Auto Focus (2002), sobre Bob Crane, figura bizarra da história da televisão americana — foram secundarizados pelos mercados, incluindo o português, alguns deles tendo sido directamente esquecidos (não editados...) em DVD. Aqui ficam dois trailers de The Canyons, o segundo, um prodígio de ironia a preto e branco, recuperando de forma cáustica alguns clichés da promoção tradicional dos filmes.
Pormenor a reter: o argumento de The Canyons tem assinatura do autor de livros como Less than Zero e American Psycho, Bret Easton Ellis.