Discos para ouvir em tempo de Verão... Este texto integra a série 'Para ouvir na praia', que por estes dias tem sido publicada no DN.
Foi em inícios dos anos 80, num documentário realizado por Peter Greenaway, que Philip Glass descreveu de forma magistral o deliciosos paradoxos que podem habitar na forma como as pessoas vivem a sua música. “ Há quem goste porque é barulhenta, e quem goste porque é rápida, há quem goste porque é muito clássica, há quem goste porque não é clássica, há quem goste porque soa a música indie e quem goste porque acha que não soa a música indie”... Algo desencantado com o panorama da música clássica em meados de 70 (numa altura em que Glass encontrava o seu eureka ao som de Einstein on The Beach), Simon Jeffes, um multi-instrumentista britânico de formação clássica e viajado pelo mundo (por “culpa” da itinerância do trabalho do pai) resolveu criar uma banda diferente que, como poucos projetos musicais, assimilou esta mesma capacidade em jogar em frentes aparentemente contrárias de que falava Glass.
Estreados em disco em 1976, editaram em 1987 Signs of Life, um quarto álbum que, mais ainda que todos os anteriores, consegue libertar-se da releção mais evidente com certas geografias, cruzando latitudes e longitudes, diluindo-as num corpo com alma global, com referências musicais que vão da folk aos minimalistas. Instrumental, a música da Penguin Cafe Orchestra sempre desafiou as tentativas de rotulagem, nem encaixando na world music, nem na pop nem na clássica, entre todas colhendo boas ideias.