Esta imagem a cores surgiu recentemente na secção de fotografias da revista Rolling Stone e ilustra os momentos de convívio de Lady Gaga com um grupo de fãs, numa recente passagem pelo programa da ABC, Good Morning America (19 de Agosto). Vale a pena olhá-la a par desta outra imagem, a preto e branco, disponível no site oficial de Elvis Presley.
Que aconteceu no tempo — mais de meio século — que separa as duas imagens? Se nos quisermos ficar pelo banal relatório tecnológico, diremos que o mundo passou a desfrutar de uma muito concreta invenção: o telemóvel. Mas a história dos gadgets não faz sentido como mera acumulação de referências "científicas". Porquê? Porque é sempre uma história de pessoas, gente viva, corpos e olhares.
O que mudou é a própria pulsão que conduz à imagem. Com Elvis, a imagem nasce do desejo de olhar o ídolo — todos os olhares confluem para ele. No exemplo de Lady Gaga (obviamente extensivo a muitas outras personalidades do entertainment), vive-se uma mera antecipação pueril da imagem, de tal modo que o aparato técnico obriga a que já ninguém olhe para a star — todos olham para o gadget, emergindo o autor da fotografia como motor, e matéria principal, da sua figuração. Passámos da sensualidade do olhar para a asséptica multiplicação de imagens.