Num dos temas do álbum que editou este ano presta um claro tributo a Malcom McLaren. Foi uma figura marcante para si?
Conheci-o na loja da Vivien [Westwood]. Foi uma pessoa importante naquele momento de transição na minha carreira entre o álbum muito indie que foi o Dirk Wears White Sox em 1979 o salto que chegou com o Kings of The Wild Frontier um ano depois. Foi o momento em que se fez o crososover. Ele disse que se eu queria vender mais discos teria de ter o rosto na capa, ter mais cor. Deu-me muitos conselhos sobre a estrutura das canções, sobre arranjos. Fez-me ouvir muitos discos de rock'n'roll. Foi por isso uma pessoa muito importante para mim.
Quando nos anos 00 surgiu uma nova geração de músicos rock atentos às heranças do pós-punk o álbum de 1979 Dirk Wears White Sox teve finalmente um certo reconhecimento...
Creio que terão gostado do som anguloso das guitarras... O Dirk Wears White Sox é um álbum algo complexo. E não é um disco punk... Fico feliz que possa atrair uma geração mais nova de músicos e ouvintes.
Os Adam and the Ants e os Blondie foram os primeiros exemplos de bandas brancas a ter hip hop integrado no espaço de uma canção pop. Como aconteceu?
Estive em Nova Iorque e tinha ouvido alguns daqueles primeiros discos. Uma vez passei pelo MoMA e estavam a fazer breakdance ao som de um disco do Gary Nuamn. A ideia do Ant Rap foi fazer uma música sem "música", apenas com um beat. Nasceu como uma experiência vocal... O video depois também surgiu com ideias muito elaboradas. A ideia foi mesmo a de despir a canção ao mínimo.
Porque se separaram os Ants em 1982?
Os Adam and the Ants separaram-se um pouco por causa da exaustão. Não parávamos. Tínhamos um contrato à moda antiga que nos obrigava a um álbum por ano, havia os singles e as digressões. Foi exaustivo. Nenhuma banda aguenta aquela agenda. Tem de tirar uns meses de vez em quando. Foi triste quando aconteceu... O baterista já era produtor quando se juntou à banda e queria produzir... Se tivéssemos tido o luxo de tirar uns tempos de folga talvez a banda tivesse continuado. Mas eu não estava nessa posição então. Eu só queria mesmo continuar a fazer discos e a tocar na América.
Nasceu nos dias do punk, mas como músico herdou muito do sentido clássico do glam rock. Acha que a sua música reflete essas heranças? São ainda lugares que visita hoje como ouvinte?
Escuto muita música. À medida que fui envelhecendo fui escutando mais jazz e mais música clássica. Mas há muitas coisas que escuto como educação, para aprender a compor e a escrever canções. O desafio do single de três minutos teve para mim uma escola no glam rock. E foi uma grande escola. No aspeto visual os Roxy Music estavam a fazer uma revolução. Tinham capas incríveis e a música certa para ir com aquelas imagens, como o Pijamarama ou o Virginia Plain. A produção era também muito boa.
Escuto muita música. À medida que fui envelhecendo fui escutando mais jazz e mais música clássica. Mas há muitas coisas que escuto como educação, para aprender a compor e a escrever canções. O desafio do single de três minutos teve para mim uma escola no glam rock. E foi uma grande escola. No aspeto visual os Roxy Music estavam a fazer uma revolução. Tinham capas incríveis e a música certa para ir com aquelas imagens, como o Pijamarama ou o Virginia Plain. A produção era também muito boa.
Entre as memórias que recordou na sua autobiografia recorda os dias em que a sua mãe trabalhava em casa de Paul McCartney. Foram também experiências formadoras para si, esses tempos de convivência próxima com um beatle?
Era uma pessoa muito com os pés na terra e muito bom para a minha mãe. Mas para um miúdo de 11 anos aquilo era algo especial. Dizia onde a minha mãe trabalhava e abriam as bocas. Ele deu-me um white label do Revolver... Andava pela casa, via as guitarras, as roupas... Sempre gostei de música e sempre houve música em casa. Os Beatles eram um fenómeno e era muito novo. Eram os homens mais famosos do mundo e quando os via achava que quilo era o que eu gostaria de ser um dia.
Era uma pessoa muito com os pés na terra e muito bom para a minha mãe. Mas para um miúdo de 11 anos aquilo era algo especial. Dizia onde a minha mãe trabalhava e abriam as bocas. Ele deu-me um white label do Revolver... Andava pela casa, via as guitarras, as roupas... Sempre gostei de música e sempre houve música em casa. Os Beatles eram um fenómeno e era muito novo. Eram os homens mais famosos do mundo e quando os via achava que quilo era o que eu gostaria de ser um dia.
Imagens do teledisco de Ant Rap, de 1981