quarta-feira, agosto 28, 2013

Discos para ouvir em dias quentes (11)

Discos para ouvir em tempo de Verão... Este texto integra a série 'Para ouvir na praia', que por estes dias tem sido publicada no DN.

É claro que já se falava em músicas do mundo há muitos anos. E tinham já feito história tanto as edições de gravações de música étnica lançadas pela Chant du Monde como, entre nós, se reconhecia o mérito das recolhas de Giacometti. Mas enquanto fenómeno discográfico de maior amplitude, e com nome novo (chamou-se-lhe então world music) a abertura dos mercados a outras geografias sonoras chegou em finais da década de 80. E curiosamente conheceu importante contribuição na expressão de paixão (e consequente mediatização) de três nomes vindos de terrenos pop/rock: Paul Simon (que grava Graceland, na África do Sul, em 1986), Peter Gabriel (que descobre novos horizontes ao trabalhar na banda sonora de A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorsese, em 1988) e David Byrne, que entre as últimas gravações dos Talking Heads e o arranque definitivo de uma carreira a solo, lança as bases de uma editora entregue à sua admiração pelas músicas do mundo: a Luaka Bop.

E como não há melhor chefe como aquele que sabe dar o exemplo, Byrne editou em 1989 um álbum a solo que, juntamente com duas antologias de música brasileira, inauguravam o catálogo da Luaka Bop. Chamou-lhe Rei Momo, nele apresentando canções de alma pop, mas em franco diálogo com formas latino-americanas, como o mambo, a cumbia, o bolero ou o cha cha cha, e contando com colaboradores como Herbert Viana ou Celia Cruz.