domingo, agosto 11, 2013

Benjamin Britten em jeito de 'best of'

Com centenário assinalado este ano (em novembro para sermos precisos), o compositor britânico Benjamin Britten (1913-1976) acaba assim por ser um dos nomes em maior evidência no plano de lançamentos discográficos do ano. Nos últimos meses temos assistido já a uma série de edições, de gravações de óperas suas a caixas antológicas (sobretudo no catálogo da EMI Classics), mas agora é a vez de assinalarmos a entrada em cena da Decca Classics, editora pela qual o próprio Britten registou algumas das interpretações de obras suas. Numa altura em que está já disponível a assombrosa caixa antológica Britten: The Complete Works (com 65 CD e um DVD) e na véspera da reedição da célebre gravação do War Requiem com as colaborações da London Symphony Orchestra (e coro), do Bach Choir, do Highgate School Choir, do Melos Ensemble, de Simon Preston, Pete Pears e do próprio Benjamin Britten, apresentamos aqui um exemplo de evidente afinidade com o registo “best of” mais habitual em terreno pop/rock.

Um autocolante no celofane, sobre a capa, vinca desde logo essa atenção “pop” do marketing da editora (e nada contra isso, sublinhe-se), ao lembrar que aqui pode encontrar-se, entre as gravações de outras obras, o belíssimo Young Person’s Guide To The Orchestra, usado na banda sonora de Moonrise Kindgom, de Wes Anderson e que, na verdade, não é senão um conjunto de variações e fugas sobre um tema de Purcell.

Henry Purcell é, por sua vez, um nome invocado no texto de James Jolly que lemos no booklet que acompanha esta edição. O texto defende que Britten terá representado o primeiro compositor de reputação verdadeiramente internacional desde Purcell, chamando até a atenção para o facto de, entre 2012 e 2013 o seu War Requiem ter sido apresentado publicamente pelo menos 62 vezes e que Peter Grimes, talvez a mais célebre das suas óperas, surgiu em produções em teatros pelo mundo fora.

Britten: The Masterpieces é um olhar, em quatro CD, de peças-chave na obra de Britten, com alinhamento atento à sua importante obra orquestral, ao espaço da canção e também da ópera. Recolhendo gravações do catálogo da Decca, que remontam em alguns casos aos anos 50, esta antologia inclui registos de obras como a Simple Simphony (pela English Chamber Orchestra, dirigida por Britten), Noye’s Fludde (numa produção com a English Opera Group Orchestra e as vozes de Trevor Anthony, Owen Braningan ou David Pinto), o ciclo Les Illuminations (que parte de poemas de Rimbaud, e com Pete Pears como solista, frente à English Chamber Orchestra, dirigida por Britten), ou o Concerto para Violino (com a London Symphony Orchestra, dirigida por Paavo Järvi e Janine Jansen como solista), entre uma multidão de outras obras. Um belíssimo ponto de partida para iniciados e um retrato representativo para carteiras que não estiquem aos valores que a caixa de 65 discos pede.