Lançado no passado mês de Fevereiro, o nº 51 da revista La Règle du Jeu, dirigida por Bernard-Henri Lévy, tem Marguerite Duras na capa — podemos ler o seu Une Nuit de Massacre, um inédito que começa com esta referência: "Texto a partir do qual escrevi Aurélia (Paris)".
É uma edição recheada de admiráveis intervenções, incluindo um ensaio de Lévy sobre o futuro da Europa, uma memória de Claude Askolovitch sobre o seu livro (para sempre inacabado) dedicado a Dominique Strauss-Kahn e um diálogo da escritora Christine Angot com o cineasta Olivier Assayas (a propósito do seu filme Après Mai). Destaque muito especial vai para o admirável "De la foi", texto em que o escritor e cineasta Yann Moix discute a possibilidade de persistência da fé num mundo ateu — o nosso —, lembrando um pouco a defesa da "excepção dos místicos" de que falava Roland Barthes. Citação:
>>> Se, enquanto ateu, eu me escolho a mim próprio para deus, é perfeitamente lógico que me considere como criador do mundo. O ateu passa a sua vida a agir sobre o mundo. Fazendo-o, convence-se que é o seu criador. E, de certa maneira, cria-o. Mas não há nenhuma razão para que o mundo criado por esse deus que é o ateu coincida com o mundo criado pelo Deus dos místicos. Não há nenhuma razão para que o mundo moderno coincida com o mundo.