Em boa verdade, o calendário é um erro conceptual — faz-nos julgar que controlamos os desígnios do tempo. Mas é um erro sedutor e envolvente: sempre que deparamos com um número redondo, somos impelidos a convocar símbolos e fazer história. Digamos que Mick Jagger, naturalmente indissociável da sua banda, não nos exige nenhuma pompa, a não ser o reconhecimento da sua longa aventura com essa ditadura do tempo, seus êxtases, atribulações, silêncio e quietude. Cumprimos, por isso, o dever de o saudar no dia em que perfaz 70 anos. É um dever que nos faz sentir bem com o primado da ordem. Ou da música, se a palavra não se perder na aceleração em que vivemos. Happy birthday, Mr. Jagger.
>>> LIVE AID, Filadélfia, 13 de Julho de 1985: Mick Jagger, Lonely At The Top.