Charli XCX
“True Romance”
Asylum / Farol
3 / 5
Uma nova geração de vozes femininas em clima pop está a ganhar visibilidade. Se a sueca Robyn, a norte-americana Lady Gaga ou a britânica La Roux, todas elas revelações internacionais já deste século, são aqui já quase “veteranas”, é entre os discos de nomes como os de Marina and The Diamonds, Grimes ou, agora Charli XCX, que o presente revela sinais de agitação. Para que não haja dúvidas, convenhamos que mesmo tendo todas elas revelado uma ou outra canção digna dos maiores elogios, na hora de pensar a expressão da sua “voz” (criativa) em álbum nenhuma das três alcançou ainda os feitos de álbuns lançados por qualquer das outras três cantoras de que acima se falava. De seu nome real Charlotte Aitchison (de facto o XCX é mais coisa pop), Charli é uma jovem britânica de 20 anos, com um primeiro álbum gravado, mas não comercialmente editado, em 2008 (pelo que o novo disco que agora chega a estes portos é assim o seu álbum de estreia oficialmente falando). Já foi apontada como expressão da atual cultura Tumblr, a sua música refletindo de facto a noção de “reblogging”, de de descoberta, integração e assimilação de referências. Já lhe foram aplicadas expressões como neon goth ou atomic hip hop, na verdade podendo nós falar da sua música como um encontro de várias rotas e destinos, de uma pop electrónica encorpada e densa e de uma postura vocal que por vezes aceita ecos da cultura hip hop a uma tensão assombrada (que passa tanto pelas palavras doridas que canta como pelos ambientes que define na cenografia pouco açucarada dos temas), sem esquecer um apelo dançável que abre frestas de luminosidade aqui e ali, gerando ocasionalmente belos momentos de alma pop. True Romance pode ser um pouco o disco que encontraríamos a meio caminho entre a pop mais doce de Grimes e a visão mais musculada que ouvimos no segundo álbum de Marina And The Diamonds. Tal como nos mostrou em singles que foi editando desde 2011, como Nuclear Seasons, You’re The One (o melhor tema do disco), You (Ha Ha Ha) ou What I Like, Charli XCX é bem capaz de criar pequenos instantes de puro prazer pop. Contudo, e apesar da companhia de uma multidão de produtores (entre os quais figuras que trabalharam com Robyn ou Sky Ferreira) mostra em True Romance um alinhamento que alterna entre estes episódios mais inspirados e outros que mal descolam de um patamar térreo algo inconsequente. Assim sendo, ao mesmo tempo que afirma um nome que devemos ter em conta no panorama pop atual, True Romance deixa claro que nem todas as almas pop brilham quando pela frente têm mais que o formato do single...