Durante anos pensou que o álbum que tinha gravado com Warren Cuccurullo para o projeto TV Mania era um disco perdido. Mas recentemente as gravações apareceram. Como foi que as redescobriu? Foi completamente por acaso. Estava à procura de gravações dos Duran Duran do período do Medazzaland e fui à caixa respetiva procurar. E lá estava, como que a olhar para mim, um DAT onde se lia ‘TV Mania album master’... Tive depois de procurar um leitor de DAT para a poder tocar. Tinha um, mas estava guardado e tive de o procurar... Fiquei emocionado.
Em 1984 editou ‘Interference’, um livro de polaroids tiradas de ecrãs de televisão. O álbum de TV Mania volta a ter a televisão como ponto de partida. É uma matéria prima interessante de trabalhar? As televisões que usava nos anos 80, quando estava a tirar polaroids, eram aqueles grandes ecrãs de raios catódicos. E eram precisas umas duas pessoas para as carregar... Hoje temos os ecrãs de LEDs, até mesmo televisores 3D. Mas a maneira como vemos televisão mão mudou tanto quanto eu pensava que iria mudar. Ainda temos televisores nas nossas salas ou nos nossos quartos. A televisão é um elemento importante da nossa sociedade. E foi certamente um elemento importante para este projeto. O disco foi inspirado por vozes que vinham de programas de televisão a que assistíamos e de que gostávamos, como o Fashion Show, com entrevistas feitas nos bastidores. Eu disse ao Warren: “estas pessoas falam com títulos de canções!”... Beautiful, Beautiful Clothes... I Wanna Make Films... Senti que não precisávamos de procurar mais noutros lugares...
O lançamento do disco, tantos anos depois de gravado, fê-lo reencontrar-se com Warren Cuccurullo, que saiu dos Duran Duran no início do século... Gosto muito do Warren e acho mesmo que é um dos músicos maiores e mais criativos que andam por aí. Trouxe muito aos Duran Duran quando integrou a banda. E quando trabalhámos no Bored With Prozac And The Internet? foi o meu parceiro ao longo de todo o processo. Quando chegou a reunião dos Duran Duran afastámo-nos... Mas mantivemos o contacto um com o outro. E agora foi bom podermos fazer de novo um projeto juntos, mesmo com um disco gravado há 17 anos. Tivemos uma festa de lançamento e uma inauguração de uma exposição de fotografias minhas e foi muito bom.
O álbum que agora editam é, na verdade, apenas parte do que se propunham fazer como TV Mania. O resto do material em que trabalharam verá também um dia a luz do dia? Há mesmo muito material, sim. Era um projeto muito ambicioso. Foi originalmente concebido como um musical e o álbum que agora editamos era um elemento de um conjunto de três. Mas este foi também o único álbum que concluímos. Temos muito material inacabado... E há algumas canções lindas ali à espera. Foram coisas em que fomos trabalhando em compassos de espera enquanto estávamos a terminar o álbum [Medazzaland] dos Duran Duran. Talvez um dia apresentemos as misturas dos instrumentais... Ou chamemos alguém para concluir as canções connosco...
(continua)