Qualquer obra e carreira vive de momentos certeiros e de tiros falhados. E David Bowie somou, entre alguns episódios mais iluminados, vários destes casos de pontaria menor na etapa que antecedeu a edição de Hunky Dory, o álbum de 1971 que finalmente o colocou num rumo desafiante e consequente. Um desses singles falhados surgiu nos escaparates das novidades em janeiro de 1971, cerca de três meses antes do lançamento do seu terceiro álbum de originais, The Man Who Sold The World. Com claras afinidades com o novo rumo que entretanto tomara a música de Marc Bolan (que estava prestes a fazer dos T-Rex um dos primeiros grandes fenómenos de popularidade da década de 70), Holy Holy foi uma canção gravara depois de terminados os trabalhos em The Man Who Sold The World, perante a noção de que não haveria um “êxito potencial” entre os temas do álbum.
Holy Holy foi produzido por Herbie Flowers (creditado como Blue Mink), que toca baixo. Mick Rock surge na guitarra. E Tony Visconti no baixo de Black Country Rock, a canção apresentada no lado B.
O single teve exposição televisiva, numa histórica atuação na qual David Bowie surgiu com um vestido longo, abrindo aí caminho para a imagem que meses depois apareceria na capa do álbum (a cujo alinhamento este single não foi acrescentado). Holy Holy foi mais um flop, tanto que durante anos não surgiu em nenhuma antologia de Bowie. Aparece, já nos oitentas, em Rare Bowie. E, numa segunda versão (mais encorpada, editada como lado B nos dias de Diamond Dogs) numa reedição de Ziggy Stardust em 2002.