O novo single de David Bowie atingiu, na semana de lançamento o sexto lugar na tabela de singles britânica. O facto faz assim de Where Are We Now? o single de Bowie mais bem sucedido desde Absolute Beginers, que em 1986 atingiu o número dois na tabela de vendas do Reino Unido. Com vendas exclusivamente digitais, o novo single de David Bowie ultrapassou assim o nono lugar alcançado em 1993 por Jump They Say e o 12º atingido em 1996 com a remistura, pelos Pet Shop Boy, de Hallo Spaceboy. Neste mesmo intervalo de tempo (ou seja, depois de 1986), os outros singles mais bem classificados de Bowie no seu país natal foram Little Wonder (14º lugar, em 1997), Thursday’s Child (16º em 1999), Day In Day Out (17º em 1987) e Everyone Says Hi (20º em 2002). Em 2006 o single Arnold Layne, de David Gilmour, no qual colaborou David Bowie, alcançou o número 19.
Além dos méritos desta belíssima canção, que sabe mostrar as suas rugas, Where Are We Now? liderou o top de vendas do iTunes português. As pré-vendas do álbum The Next Day colocam-no neste momento na liderança da tabela de álbuns da mesma loja em Portugal.
O álbum, a editar em março, representa assim a mais inesperada das edições de 2013, a sua revelação no dia do aniversário de Bowie tendo resultado de uma campanha de silêncio como ninguém imaginava hoje ser possível. Segundo revelou já à imprensa o produtor Tony Visconti (uma vez que Bowie ainda não se pronunciou), o disco foi gravado em Nova Iorque perante o mais total sigilo. O processo começou há cerca de dois anos quando Bowie o desafiou a novo trabalho. Visconti e os demais músicos e técnicos envolvidos assinaram um pacto de silêncio e chegaram a ter de mentir (até mesmo em família) para que nada nem ninguém soubesse do trabalho em curso. Depois de uma primeira sessão de trabalho num primeiro estúdio, de que resultou uma breve fuga de informação logo tratada como “infundada”, os músicos reuniram-se em sessões noutros estúdios, mas apenas depois da hora de saída dos estagiários, ficando ao serviço apenas os técnicos chamados ao trabalho no disco. O próprio responsável maior da Sony Music (a editora que representa a Iso Music de Bowie) só soube da existência do álbum há cerca de um mês quando os trabalhos estavam praticamente concluídos e foi convidado para ir a Nova Iorque escutar o que Bowie tinha para lhe mostrar. Ainda saberemos mais deste processo de criação em segredo na era da informação instantânea, a gravação de The Next Day valendo-lhe desde já um lugar na história de Bowie e da própria música pop.