Morreu ontem, aos 92 anos, em San Diego (Califórnia), o músico indiano Ravi Shankar, a quem George Harrison chamou um dia o “padrinho da world music”. Uma das mais lendárias figuras da história da música indiana, foi mesmo um porta-voz de tradições e sons que, por si, chegaram não só a outras geografias mas também a novas gerações. A relação próxima que teve com George Harrison e a influência que teve em determinada etapa na música dos Beatles, levou muitos a descobri-lo a si e à música indiana de que foi importante embaixador. Entre os muitos nomes com quem colaborou conta-se também o compositor Philip Glass, com quem trabalhou numa banda sonora nos anos 60 (que ajudaria a definir a visão e consequente personalidade da ideia de minimalismo que Glass em breve revelaria ao mundo), reencontrando-se mais tarde para, juntos, gravarem o álbum Passages, lançado em 1990 pela editora do próprio compositor norte-americano. São ainda célebres as suas colaborações com o violinista Yehudi Menuhin e o saxofonista John Coltrane.
Ao atuar em grandes festivais pop/rock como o mítico Woodstock de 1969 e, mais tarde, no marcante concerto pelo Bangldesh (organizado por George Harrison e editado em disco), Shankar aprofundou uma relação com outros públicos e abriu portas à descoberta da música indiana. A dada altura chegou mesmo a integrar o catálogo da editora Deutsche Grammophon, estabelecendo aí vias de comunicação com outros públicos, fazendo a sua voz ainda mais universal.
De seu nome completo Robindro Shaunkor Chowdhury, nasceu em Varanasi (Índia) a 7 de abril de 1920. A sua internacionalização começou cedo, uma vez que ainda nos dias de estudante chegou a atuar na Europa (quando ainda via a dança como o seu futuro profissional). Nos anos 40 trabalhou na música da trilogia Apu de Satyajit Ray e ocupou um cargo de diretor musical numa estação de rádio a partir de 1949. Apesar de nunca ter abandonado a música, nos anos 80 e 90 foi membro de uma das câmaras do parlamento indiano. É pai de três filhos, entre eles a cantora Norah Jones e a instrumentista Anouska Shankar (que segue mais de perto as heranças da música do seu pai).
Imagens de capas de edições discográficas de Ravi Shankar.
Imagens de uma atuação nos inícios dos anos 70 no Dick Cavett Show. Note-se a presença em estúdio de George Harrison.