Chegou recentemente ao mercado nacional, nos formatos de Blu-ray e DVD, o filme O Ditador, de Larry Charles, protagonizado por Sacha Baron Cohen. Este texto foi originalmente publicado no DN online com o título 'A rir castigam-se os ditadores'.
Depois de filmes como Borat e Bruno, ambos baseados na exploração do conceito de "apanhados", o realizador Larry Charles acompanhou o ator Sacha Baron Cohen na construção de uma verdadeira ficção. Cruzando ingredientes da geopolítica do nosso tempo, Baron Cohen constrói aqui caricatura de um ditador que governa, sob poder absoluto, Wadiya, um estado fictício no Médio Oriente. Chama-lhe general Aladeen, que em seu redor edificou todo um culto da imagem ao jeito do que conhecemos de outros estados menos fictícios e prepara um programa nuclear, fazendo questão de que os seus mísseis sejam pontiagudos.
O Ditador acaba, como o haviam feito Borat e Bruno, por servir também uma visão crítica da sociedade americana, usando desta vez como dispositivo uma viagem de Aladeen para discursar na ONU, acabando contudo raptado e, sem a barba que o identifica, encontrando abrigo numa loja vegetariana, feminista e pacifista. Mais diferente de si e das suas ideias não poderia ser... É contudo marcante a cena na qual, perante os media, o general acaba por explicar quão boa pode ser uma ditadura, enumerando na verdade factos e casos que, de alguma forma, se cruzam com a própria vivência social e política norte-americana.
A edição em Blu-ray, que valoriza uma direção de fotografia límpida e luminosa, junta como extras uma multidão de cenas cortadas (ou estendidas), em tudo na linha do que o filme nos mostra. E acrescenta ainda uma entrevista de Aladeen (a personagem, não o ator) a Larry King.