Dario Marianelli
“Anna Karenina”
Decca Classics
3 / 5
Um dos filmes mais aguardados na reta final de 2012 (chegou esta semana às nossas salas), a adaptação ao grande ecrã do romance Anna Karenina, de Tolstoi, por Joe Wright, transporta uma série de reencontros com referências centrais da obra do realizador, uma delas a presença da música de Dario Marianelli, um parceiro habitual na esmagadora maioria dos filmes do realizador. Depois do menor Hannah (que na verdade o que teve de melhor foi mesmo a colaboração musical com os Chemical Brothers), Anna Karenina devolve ao cinema de Joe Wright a busca de um sentido de elegância clássica que a música de Marianelli (inesquecível em Expiação) aqui, mais que quaisquer outros elementos, lhe confere. Vibrante nas cores e luxuriante na orquestração, a partitura transporta códigos de época que remetem ao tempo da ação (em particular sente-se uma aproximação a modelos Tchaikovskianos), apostando num desenho de linhas e formas que sublinham o carácter teatral da mise-en-scéne. A música de Marianelli parece desempenhar aqui um papel que não se limita ao de tela cénica, participando mesmo na construção de momentos que ora rodopiam ao som de uma valsa, dançam frenético folclore que nos transporta para leste ou respiram o fulgor do ataque das cordas da orquestra. E resta acrescentar que, juntamente com o brio técnico do dispositivo de mise-en-scène e o trabalho de som, a banda sonora desta visão de Joe Wright sobre Anna Karenina é dos poucos elementos em favor de um filme falhado.
Este texto foi originalmente publicado na revista 'Metropolis'.