Provavelmente, está por fazer o mais radical ensaio sobre o ambíguo efeito de verdade que o cinema instalou na nossa história do século XX. Poderíamos sugerir um título adequado: "A impossibilidade do amor, ou Hitchcock e os espelhos". Kim Novak e James Stewart pressentem o seu reflexo, mas não o vêem... É o espectador que, por obra e graça de uma mise en scène obsessiva, entra numa imagem que, por sua vez, expõe a cruel coexistência dos corpos e seus fantasmas no espelho. Alguém diz: "Amo-te, perco-me em ti."